sexta-feira, 27 de março de 2009

DIA DO CIRCO E DO TEATRO


Nem tudo é motivo de comemoração no dia do teatro, especialmente em Natal, a falta de uma programação especial, incentivos, mostra que as artes cênicas por aqui anda esquecida pelos governantes... Sendo assim posto uma matéria (protesto) do jornal Diário de Natal para reinterar o protesto... Viva o teatro em Natal...



A batalha no Dia Mundial do Teatro em Natal


Hoje é dia de lembrar de duas classes das artes cênicas. Em âmbito nacional, a vez é do circo, lugar onde é possível desfrutar de momentos agradáveis proporcionados por palhaços, malabaristas, acrobatas, equilibristas e toda a magia que vem dos intrigantes truques dos ilusionistas. E, no mundo inteiro, o dia é do teatro e seu conjunto complexo de profissionais que atuam nos palcos e bastidores com o intuito de provocar no público os mais diversos sentimentos. Enfim, são essas artes, que por vezes se misturam e atraem pessoas de todas as faixas etárias e sociais, a ganharem destaque nas programações oficiais do Governo do Estado e da Prefeitura de Natal, no decorrer desta sexta-feira, dia 27 de março.

Mas, parece que nem tudo é motivo de alegria, especialmente quando o assunto é “teatro”. A maior parte dos grupos e artistas independentes que compõem o Movimento Redemoinho - fração do Rio Grande do Norte, por exemplo, decidiu que sua ausência durante as comemorações seria a melhor resposta para definir a questão “o que há para se comemorar?” Um espaço de compartilhamento de idéias estéticas e políticas, o grupo potiguar do Redemoinho, que vem se reunindo semanalmente e sem interrupções há um ano, preferiu mostrar aspectos que denunciam certo descaso para com os que acreditam e querem sobreviver do movimento teatral.

Um deles é a constatação de que o Estado não possui uma política pública que proporcione regularidade e segurança às ações dos diversos grupos formados. “O teatro no Rio Grande do Norte não tem o que comemorar. Não existe nenhuma política voltada ao teatro para o Estado”, reforça Titina Medeiros, atriz, integrante do Grupo Carmin e participante do Movimento Redemoinho. Segundo ela, o que existe para esta área não passa de uma “política de editais” e, assim mesmo, esporádicos e pontuais. ‘‘Queremos os editais, mas queremos, acima disso, uma lei de fomento ao teatro’’, destaca, frisando que, sobre essa questão, o grupo já encaminhou um projeto do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade do Natal, à Fundação Capitania das Artes, da Prefeitura de Natal.

De acordo com a representante do Redemoinho, os grupos teatrais precisam de uma manutenção permanente, que agrega desde uma sede com sua estrutura básica a recursos com passagens aéreas, caso haja algum evento fora do Estado. ‘‘Somente com uma legislação nesse sentido, como já existe na cidade de São Paulo, por exemplo, teremos uma garantia de segurança, sem que a cada entrada e saída de governo tudo tenha que ser novamente acordado. O que a gente quer é que vire lei. Isso pode parecer muito, mas sequer uma política de edital nós temos’, lamentou.

Já em âmbito estadual, o movimento Redemoinho formulou e enviou à Fundação José Augusto, em meados do ano passado, a proposta do edital Chico Villa de Circulação, que foi aceito. Mas, ainda de acordo com Titina Medeiros, até agora nada foi posto em prática. A atriz diz que a promessa da Fundação é de que o edital seja publicado até o dia 15 de abril. ‘‘Existem muitos espetáculos montados, mas não existe uma demanda de exibição e circulação pelo interior do Estado’’, disse. Segundo ela, a FJA alegou a demora em virtude de burocracia. ‘‘Essa foi a promessa da Fundação e também um dos motivos de nós não sairmos para comemorar’’.

Outro ponto levantando por Titina é em relação às Leis de Incentivo à Cultura de Natal e do Estado (Djalma Maranhão e Câmara Cascudo).”Elas são dificílimas. O governo dá a chance ao empresário de reverter seus impostos em patrocínio cultural, mas eles não vêem o teatro com bons olhos. Como é muito pontual, o cara da empresa não tem interesse em manter uma “pecinha de teatro” que é a forma como eles enxergam. Eles acham que o teatro não traz um retorno bom’’, disse.



FJA: “A burocracia é inevitável”


Tatiane Fernandes, assessora técnica da Fundação José Augusto, admite que o edital de circulação proposto pelo grupo Redemoinho ainda não foi publicado devido a questões burocráticas e que a divulgação desse regulamento está dependendo da liberação dos recursos destinados. 'Isso poderá acontecer durante as comemorações do dia 27 ou até a primeira quinzena de abril', disse ela, que também é produtora cultural e integrante do grupo de teatro “Elas”. “É uma discussão e uma mobilização pertinentes. Mas, é importante destacar que a política da Fundação é de que os editais existam e, com eles, haja mais transparência. A burocracia, nesse caso, é inevitável”, apontou.

Ela lembra que, na área do teatro, a Fundação está com três editais a serem lançados, que são o de circulação (Chico Villa), teatro de rua (Lula Medeiros) e um terceiro que garante auxílio montagem. 'A idéia é que essas ações gerem uma mobilização mais estruturada e não apenas pontual, ou seja, que todas as vertentes do teatro sejam discutidas', explicou Tatiane, que citou ainda os teatros de Natal e interior geridos pela Fundação, além do Centro de Formação e Pesquisa Teatral, que proporciona formação em várias áreas do teatro para pessoas de todas as idades. 'É de lá, por exemplo, uma das principais referências do teatro potiguar no Brasil: João Marcelino', citou.



Luta por melhorias desde os anos 80


Não é de hoje que grupos teatrais se mobilizam para tentar garantir direitos básicos. Na década de 1980, diversos movimentos se uniram em prol de melhorias, o que prosseguiu até o início da década de 90. Uma das integrantes da Companhia Teatral Alegria, Alegria, grupo surgido em 1982, a atriz Fafá Arruda diz que ter um dia que lembre o ofício do profissional do teatro e da arte em si é positivo. ‘‘Mas, em relação à questão das políticas públicas de incentivo à área, a situação se complica. Existem muitas dificuldades em relação à manutenção e produção dos diversos grupos teatrais’’, diz, frisando que o Alegria, Alegria sobrevive, basicamente, com a venda de seus espetáculos.



TCP tem programação comemorativa


Ainda segundo Tatiane Fernandes, o dia 27 de março será marcado pelo lançamento oficial do projeto do Festival Agosto de Teatro, que será aberto ao público, a partir das 17h, no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel (TCP), ao lado da Fundação José Augusto. O público poderá prestigiar a participação de Rodrigo Bico, seguido da Cia. Cara Melada, do Mamulengueiro Shicó, de Assú, da Cia Monicreques, da Xaranga do Riso, dos atores Geraldo Maia, Hélio Júnior, fechando com a apresentação de um vídeo-homenagem aos grupos artísticos do estado.

O I Festival Agosto de Teatro será de âmbito estadual, e acontecerá entre os dias 7 e 15 de agosto, contando com a participação de vários municípios potiguares. As apresentações acontecerão no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel, Teatro Alberto Maranhão, Centro Experimental de Teatro e Praça Augusto Severo. O evento acontecerá anualmente e visa aproximar a produção teatral da população, além de fortalecer a capacitação dos profissionais e que haja uma política de intercâmbio.

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